domingo, 6 de junho de 2010


Escreve e acha pouco. Escreve e marca falta.
Escreve e acha falha. Reorganiza, realinha.
Apaga, corrige. Mas é fraco, feio, fino. Insuficiente.
Não agrada. Não parece permanente.

Certa vez quis entender o que era escrever, o que era amar
Tentou explicar, formular, generalizar.
Demorou pra entender, que, pra se escrever, tem que amar.
Mas amar três quartos. Não pode amar tudo, se não, não vai.

Não vai porque não sabe. Não sabe amar.
Não sabe explicar. Não consegue gritar.
Só consegue repetir e tentar provar.
Mas, na verdade, não dá nem pra formular um “a”.

Perde-se a linha, o corte se fecha.
Vira-se o jogo. Anulam-se os pontos.
Embaralham-se cartas, letras, sentimentos.
E, no fim, se diz nada.

A verdade é que:
Quanto mais se ama, menos se escreve.
Menos se diz, menos se fala.
Menos se grita. Só se sente.

É que ainda não souberam inventar
Uma sentença exata que possa explicar
E fazer a gente entender direito
O que é, de clara forma, realmente, amar.

Então se segue assim.
Sentindo calado.
Ouvindo o silêncio.
Provando aos pares, treinando os olhares.

E logo percebe que, se ama, não se sabe escrever.
As palavras parecem não caber,
As palavras parecem não saber dizer tudo que se sente
por um único ser.


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